Grande Coisa, os Ricos

Uma das figuras mais eminentes na história judaica foi o compilador da Mishná, Rabi Yehuda HaNassi, a quem se credita ter sozinho “impedido que a Torá fosse esquecida por Israel.” É um sinal de sua grandeza que em toda a literatura judaica e no Talmud ele seja chamado simplesmente de “Rabi” (“Nosso Mestre”). O Talmud faz uma declaração interessante sobre ele – uma declaração que tem provocado muita discussão e levantado polêmica no decorrer dos tempos. Que cita “o Rabi honrava os ricos”. Mas porque uma pessoa como Rabi Yehudá HaNassi iria honrar alguém simplesmente por que ele ou ela possua uma grande quantidade de dinheiro e posses materiais? Talvez o Rabi liderasse uma yeshivá ou outra organização sem fins lucrativos que dependia de contribuições feitas por pessoas com meios para atingir seus sagrados objetivos? Mas o próprio Rabi Yehudá era uma das pessoas mais ricas da sua época; sabemos que sua riqueza era equivalente com a de seu amigo e contemporâneo, o imperador romano Antoninus. Pode-se presumir que ele não tinha grande necessidade de receber pessoas importantes em seus jantares anuais ou pessoas nas suas empresas. Talvez ele fosse reverenciado pela riqueza e pelos prazeres que isso pode comprar? (Os pobres presumem que somente os pobres amam o dinheiro, mas os ricos sabem que isso pode ocorrer também, senão ainda mais, com os ricos). Mas o Talmud nos diz que antes de falecer Rabi Yehudá HaNassi ergueu as mãos na direção do céu e proclamou: “Meus dez dedos são testemunhas de que não extraí sequer um pouquinho de prazer do mundo material.” Para Rabi, coisas materiais não tinham valor ou despertavam desejo em si mesmas: nada mais eram que meios para atingir um objetivo mais elevado. Então por que Rabi honrava os ricos? Em uma ocasião, o Rebe ofereceu a seguinte explicação: O Criador de todas as almas deu a cada uma delas uma missão a ser cumprida no decorrer de sua vida física. D'us também equipa cada alma com todos os recursos materiais que necessita para cumprir sua missão. Algumas missões precisam apenas de uma pequena quantidade de recursos materiais para atingirem sua meta: é por isso que temos pessoas pobres. Algumas missões depreendem grandes somas bancárias para serem realizadas; daí os ricos. O Criador também concedeu ao ser humano o livre arbítrio, o que significa que toda capacitação que nos é dada encerra um certo grau de risco. Podemos usar nossos recursos para cumprir nossa missão, ou podemos usá-los para sabotá-la, e até sabotar o bem que outras almas estão tentando realizar. O significado disso tudo é que os trabalhos que envolvem grandes quantias em dinheiro são também os investimentos mais arriscados. Aqui D'us está fazendo uma aposta muito maior: se a pessoa não usar os recursos que recebeu da maneira adequada, pode causar muito prejuízo. D'us obviamente é muito seletivo sobre as almas às quais Ele confia essas missões específicas. Ele sabe que elas poderão fazer uma imensa confusão com as coisas; mas Ele acredita que elas podem fazer o certo. É por isso, concluiu o Rebe, que Rabi Yehudá HaNassi honrava os ricos, pois sentia que se D'us demonstrou tamanho grau de confiança neles, eles são merecedores de nosso respeito.

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